Fatos e dados sobre
alimentos industrializados

Alimentos

industrializados

causam vício?

Não há evidências científicas de que alimentos industrializados e sua composição de nutrientes, ingredientes ou aditivos alimentares causem dependência nas pessoas.

Alimentos industrializados passam por processamento para torná-los seguros para o consumo. Sua composição é de alimentos in natura e ingredientes autorizados e comprovadamente seguros para o uso na produção de comida. Por isso, é um equívoco acreditar que alimentos industrializados possam causar dependência química.

o que é importante saber

Food addiction é um conceito que pesquisadores usam para descrever hábitos alimentares compulsivos em humanos, que podem parecer ao que conhecemos como vício, que, por sua vez, é um processo fisiológico psicológico que causa dependência e sintomas de abstinência

se a substância viciante não for mais ingerida. 

O “vício em comida” continua sendo um tópico controverso na comunidade científica, devido às evidências inconclusivas de vários estudos. Também não existe uma definição clínica universalmente aceita de “dependência alimentar”. O Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5) não a lista como uma condição.

A alimentação excessiva é claramente distinta dos distúrbios de uso de substâncias que causam dependência por meio de mecanismos específicos (por exemplo, nicotina, cocaína, canabinoides, opioides etc.). Há que se reconhecer que existem indivíduos suscetíveis a transtornos alimentares compulsivos, excessos patológicos e obesidade. Porém, tais condições são diferentes do conceito de vício ou dependência.

Além disso, a palatabilidade não é necessariamente um fator de consumo excessivo e obesidade, segundo uma revisão do The Journal of Nutrition, que relatou que mesmo um alimento não palatável, seja ele industrializado ou não, pode se tornar objeto de desejo.

Você sabia?

A teoria da dependência de açúcar foi sugerida traçando paralelos com outros comportamentos de dependência, mas a pesquisa científica nunca encontrou qualquer indicador comportamental ou neurobiológico convincente que indique vício em açúcar. Uma revisão da literatura de 2016 no European Journal of Nutrition, por exemplo, encontrou poucas evidências para suportar a existência de dependência de açúcar em humanos. Ironicamente, a ideia do vício de açúcar pode, por si só, perpetuar o mito. Pessoas que acreditam que determinado alimento causa dependência – e, como resultado, restringem seu consumo – podem ter pensamentos aumentados sobre tal alimento, de acordo com um estudo realizado por psicólogos da Universidade de Liverpool. E esses desejos reforçam ainda mais a crença nas propriedades viciantes dos alimentos.

Referências

Long C et al. A Systematic Review of the Application and Correlates of YFAS-Diagnosed ‘Food Addiction’ in Humans: Are Eating-Related ‘Addictions’ a Cause for Concern or Empty Concepts? Obes Facts 2015;8:386-401.

Markus CR, et al. (2017). Eating dependence and weight gain; no human evidence for a ‘sugar-addiction’ model of overweight. Appetite 114:64-72.

Lennerz B & Lennerz JK (2018). Food addiction, high-glycemic-index carbohydrates, and obesity. Clinical Chemistry 64:64-71.

DiNicolantonio JJ, O’Keefe JH & Wilson WL (2018). Sugar addiction: is it real? A narrative review. British Journal of Sports Medicine 52: 910-913.

The Washington Post. Five myths about nutrition. 2020.

Westwater ML, Fletcher PC, Ziauddeen H. Sugar addiction: the state of the science. Eur J Nutr. 2016;55(Suppl 2):55-69. doi:10.1007/s00394-016-1229-6.